Ir para o conteúdo

Artigo: “Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima vossa igreja.”

Por Luis Marcelo Cavalcanti, advogado, procurador do Estado.

Tenho profundo respeito pela Igreja Católica e pela imensa maioria dos seus sacerdotes, especialmente pelo saudoso Papa João Paulo II e pelo atual Papa Francisco. Como em toda Igreja, há bons e maus representantes. Entre os inúmeros bons exemplos, cito apenas dois mais próximos para não me estender: Monsenhor Lucas e Padre Sávio. Que Deus nos abençoe com padres assim. Mas há também os maus. Na mídia, agora, o caso do Padre Júlio e a “defesa” feita por Padre Murilo. Padre Júlio não foi o primeiro, nem será o último, que a própria escritura já previa: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26.41). Só que o justo não deve pagar pelo pecador. E é em momentos de crise como esse que a Igreja Católica tem a oportunidade de dar exemplo à comunidade cristã. Porque só assim se separa o joio do trigo. Já que o crime de assédio sexual não se aplica às relações entre padres e seus fiéis (a redação original do artigo 216-A do CP foi vetada), resta recorrer ao Código Canônico. Ali, há previsão de pena máxima de excomunhão para o padre que cede às tentações da carne (Cân. 1387 e 1395). Se a Igreja quiser, pode aplicar a pena máxima, cortando na própria carne a fim de preservar a autoridade e a credibilidade de uma instituição milenar. Às vezes, é necessário amputar o membro que está necrosado para preservar o resto do corpo. Ou pode aceitar o auto perdão concedido por Padre Júlio, após confissão. Nesse caso, estará a Igreja mais distante dos seus fiéis, de costas para sua comunidade.

Pior fez Padre Murilo, que usando de momento tão caro para a Igreja – a homilia –, e a pretexto de fazer a defesa do colega clérigo (ou seria legítima defesa?), incitou a violência mais odiosa e repugnante que se pode ter. Negou a outra face para revidar, envergonhando mais uma vez a Igreja Católica, que é muito maior que isso. Violência gera violência. Impunidade gera indecência.  Pois então que se cumpra a escritura: “Quem não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim” . Evangelho (Mt 10,34-11,1).
Assim seja!

Publicidade

Matérias Relacionadas
×
Cookie

Nosso site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais.

Fechar