Toda profissão tem seus tabus. Há um acordo informal de décadas entre jornalistas que não se deve divulgar suicídios, porque há uma crença que a divulgação traria um efeito cascata, levando mais pessoas a tirarem a própria vida. É apenas uma crença. Não existe nada científico que gerou o silêncio de jornalistas por anos sobre o assunto.
A Organização Mundial de Saúde entende que suicídio é um problema de saúde pública. Por isso, defende que o assunto seja noticiado, porém, com base em determinados princípios. Por exemplo: sem espetáculo, trazendo dados que refletem a realidade e levantando o tema, para que ele seja debatido.
Eu defendo que os casos sejam divulgados para alertar outras pessoas, revelando que o problema existe e que é preciso ser discutido. O respeito à família enlutada deve ser mantido em qualquer ocasião, ainda mais neste momento, onde a culpa e a dor da impotência são inveitáveis.
Precisamos desconstruir tabus se quisermos evoluir como sociedade. E o estigma da saúde mental é um deles.