Pedro Henrique de Araujo Alves, de 19 anos, nasceu com ceratocone, quando a córnea se projeta para frente, deixando a visão turva e muita sensibilidade à luz.
Segundo o médico que cuida do jovem desde a infância, Uchoandro Uchoa, ele tem deficiência visual, apesar do transplante de córnea que realizou em um dos olhos no final do ano passado.
Segundo a mãe do jovem, Katiuscia Dantas, Pedro Henrique sempre teve tratamento especial onde estudou, com auxílio de leitor, lupas e letras ampliadas dos conteúdos, o que não desmotivou o aluno, que sempre foi muito esforçado.
Em 2022, Pedro conquistou a tão sonhada vaga no curso de Tecnologia da Informação, na UFRN. A única vaga de PCD (Pessoa com Deficiência) do curso é disponibilizada por lei e garantida através de documentação exigida pelo Ministério da Educação.
Na prova, foi utilizada lupa, tela com letras aumentadas para que o jovem tivesse as mesmas condições que os outros estudantes.
“Quando vi que fui aprovado, passou um filme na minha cabeça. Todas as dificuldades que passei, superamos, eu e minha família com a realização daquele sonho”, disse Pedro, que teve nota 960 na redação e comemorou com os amigos como todo jovem, raspando os cabelos. Os professores e amigos de Pedro Henrique postaram a comemoração do rapaz, como prova de superação.
Depois do Enem, Pedro conseguiu o tão sonhado transplante de um dos olhos.
Agora, a UFRN diz que ele não se enquadra no PCD e negou a vaga para o estudante, considerando que ele deixará de ser deficiente visual.
“É sabido que o resultado de um transplante não é previsível. É muito recente para falar e muitas variáveis existem. Pedro é deficiente visual e recebi com surpresa o indeferimento da inscrição dele”, disse o médico, considerando que mesmo que ele venha a fazer o transplante de córnea no outro olho, mesmo assim, não é certeza que ele deixe de ser uma pessoa com deficiência visual.
O caso está na justiça.