A depressão, segundo a Organização Mundial de Saúde, será a doença mais comum do mundo até 2030. O transtorno tem causado o aumento do número de suicídios em todas as faixas etárias e classes sociais.
Em Natal, a morte de uma jovem de 17 anos chocou a população. Em tratamento contra uma depressão profunda, a estudante do ensino médio tirou a própria vida ao sair do consultório de uma psiquiatra. “Ela chegou a ser internada. Fizemos tudo que estava ao nosso alcance”, disse um familiar.
Existem vários tratamentos contra a depressão. O mais comum e com menos efeitos colaterais é o uso de antidepressivos. “Hoje temos muitas substâncias modernas e eficazes que tratam a depressão. Pelo custo, pela praticidade, os comprimidos antidepressivos são os mais receitados pelos médicos”, afirma o psiquiatra Jales Clementino.
Mas o que fazer quando a depressão resiste ao tratamento prescrito pelos médicos? A chamada depressão refratária é aquela depressão persistente, que não melhora, mesmo depois dos tratamentos convencionais.
Especialista em eletroconvulsoterapia, o psiquiatra defende a utilização desta técnica em casos mais graves de depressão. “Esse tratamento, muito utilizado na década de 30 foi bastante estigmatizado. Ele era utilizado como forma de tortura e havia muito sofrimento por ser feito sem anestesia. Hoje, quando bem indicado, com a utilização de anestesia, pode trazer de 80 a 90 por cento de eficácia”, disse ele, lamentando a falta de informação sobre a utilização do método, que nada mais é que uma baixa corrente elétrica que passa pelo cérebro e causa uma leve convulsão, que provoca mudanças na química cerebral.
Outra técnica é a estimulação magnética transcraniana, que usa ondas magnéticas para estimular o cérebro a modular os neurotransmissores, que são como se fossem mensageiros que realizam conexões entre os neurônios — aliviando a depressão. Ambas são feitas em ambiente hospitalar sempre com a presença de um psiquiatra e com o consentimento do paciente.
“Outro tratamento bastante utilizado no momento é o uso de Cetamina, que pode ter até 70% de eficácia no tratamento da depressão grave. Muitas vezes a melhora é imediata”, disse o psiquiatra ouvido pelo blog.
A Cetamina ou Ketamina é um analgésico bastante conhecido que aplicado pela via subcutânea em pacientes com depressão pode auxiliar no reparo e reconstrução dos circuitos cerebrais. “A aplicação é simples e não causa nenhum desconforto ao paciente”, disse o especialista.
Jales Clementino também falou da importância da psicoterapia, realizada por profissionais da psicologia. “Tenho observado muito sucesso no combate à depressão por abordagens como a Terapia Cognitivo Comportamental e a Terapia dos Esquemas. É importante que o paciente com depressão procure um bom especialista em psicologia para também acompanhá-lo no tratamento da depressão”, disse o médico.
Jales Clemente é psiquiatra pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), especialista em dependência química, sexualidade, eletroconvulsoterapia e casos refratários.