Em um evento em mais um púlpito de uma igreja evangélica transformada em palanque, a ex-ministra Damares Alves, agora senadora eleita pelo Distrito Federal, disse que crianças da Ilha de Marajó são traficadas e têm seus dentes “arrancados pra elas não morderem na hora do sexo oral”. Também disse que só se alimentam de “comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”.
Ela disse que possuía vídeos e fotos que comprovavam tais afirmações. Não era verdade. Em entrevista à uma rádio, a ex-ministra disse que apenas ouviu falar de tais atrocidades. Agora, “Membros do MPF no Pará, membros do MPPA e a PFDC pedem ao MMFDH que apresente os supostos casos descobertos pelo ministério, indicando todos os detalhes que a pasta possua, para que sejam tomadas as providências cabíveis”, diz o texto enviado ao Ministério antes comandado por Damares. Até agora ninguém enviou tais documentos que a ministra disse ter nos arquivos.
Ainda segundo o MPF do Pará, o órgão já atuou em diversas investigações sobre tráfico de pessoas na região e nunca teve acesso a esse tipo de atrocidade relatada pela ex-ministra.
Fica a pergunta: para que uma mente perversa e insana “inventaria” tais coisas num púlpito de uma igreja? Para enganar cristãos puros e inocentes. Depois de tais afirmações em um texto com palavras que unem “abuso”, “crianças”, “sexo oral”, “sexo anal”, “guerra espiritual”, o terrorismo está feito. Depois uma pitada de um versículo bíblico, uma oração em línguas e uma música de fundo para emocionar: você entra em qualquer mente cristã. Vai por mim, eu sou evangélica desde que me entendo por gente. Já fui enganada demais por gente como Damares, hoje não caio mais.
Damares já pode iniciar o curso: “como enganar um evangélico e fazê-lo de massa de manobra”. Nas próximas eleições ela terá muitos políticos interessados nas aulas. Isso se ela não for detida antes, o que é pouco provável.