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Eu peguei ar e quando eu pego ar, ninguém me segura

Eu peguei ar e quando eu pego ar ninguém me segura

Viajei três vezes este ano. As três vezes tive que pegar vôos de Recife. Acorda de madrugada, pega um carro ou um ônibus, vai até o aeroporto de Recife, na ida e na volta. Imagina fazer isso, muitas vezes, com criança ou com um tempo muito curto de ida e de volta. Mesmo assim, calculando viagem, estacionamento, táxi ou Uber, mesmo assim, ainda valer a pena financeiramente é um absurdo.

Isso tudo porque os voos saindo e voltando da capital pernambucana ficam 50% chegando até 70% mais baratos que para o mesmo destino saindo do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no RN. E a gente reclamava que ele era longe.

Isso não tem acontecido apenas comigo. São centenas de relatos de amigos, familiares, seguidores.

“Tive que sair de Campina Grande para chegar em Salvador. Como Campina Grande consegue ter voos mais econômicos que saindo de Natal, uma capital?”, é a pergunta que um amigo me fez.

Não se justifica falar em quantidade de empresas que operam por Natal ou a lei da oferta e da procura, considerando que moramos em um pequeno estado da federação.

Outro seguidor compartilhou que uma viagem de Natal para o Rio ficou mais cara que um voo saindo de Recife para Miami.

Você pode pensar que a pauta aqui é comodidade, não é.

Parando para pensar que o turismo é a maior indústria do RN e que milhares de empregos são gerados através desse motor, principalmente em Natal, o problema é sério com um impacto negativo em toda a economia.

Vejo a Emprotur investindo milhões em promoção do nosso turismo e está certa, mas não vejo ações para resolver o que de fato tem tirado os nossos turistas daqui. Não adianta dizer que aqui é o melhor destino, se esse destino está inviável financeiramente, sendo que vizinho, tem um lugar tão incrível quanto nós, bem mais em conta. O turista não é otario, nem nós somos.

Não vejo nenhuma movimentação, nem dos próprios empresários do turismo, que são os maiores prejudicados, para resolver essa situação.

Em 2021, a Agência Nacional de Aviação divulgou que Natal é a capital do Nordeste com os preços de passagens aéreas mais caras do Nordeste. Três anos depois, o dado continua. Agora começamos a entender porque nossa vizinha João Pessoa tem atraído esses turistas que fugiram do nosso destino e está se desenvolvendo muito mais que nós.

Sem dúvida, esse é um dos importantes fatores.

Não vejo nenhuma indignação do poder público – apesar do Governo ter reduzido os impostos para o combustível da aviação, isso é preciso ser dito – nem das nossas autoridades municipais, estaduais, federais, das próprias associações que representam os hotéis ou empresas que vivem dessa indústria.

Nos acomodamos e estamos vendo o Rio Grande do Norte ficar para trás cada vez mais. Todos nós. Sociedade, prefeitura, governo, políticos empresários. Estamos deixando acontecer. Quando um povo se levanta, tudo pode mudar. Basta se levantar.

Proponho através dessa minha revolta, uma campanha, para conseguirmos baratear as nossas passagens partindo ou com destino ao Rio Grande do Norte e trazendo de volta turistas, empregos e geração de renda para o nosso estado.

Como jornalista, irei procurar todos os envolvidos: Anac, gestares do nosso aeroporto, empresas aéreas, para que possamos entender o que está acontecendo.

Se queremos mudanças, a indignação é um primeiro passo.

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