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Hospital onde paciente teve intercorrência não tem UTI nem possui ambulância  

Hospital onde paciente teve intercorrência não tem UTI nem possui ambulância

Após a notícia da morte da oficial de justiça Natália Araujo, de 36 anos, durante uma cirurgia plástica, meu telefone não parou. Primeiro o questionamento sobre o motivo de eu não ter revelado o nome do médico responsável pela cirurgia.

Respondi: por causa dos juízes da Internet, decidi não revelar o nome do especialista para que ele não fosse “fritado” sem que tivesse a chance de se defender.

Muitas perguntas são inevitáveis neste momento: será que algo poderia ter sido feito para evitar a tragédia? Médicos encheram minha caixa de mensagens para defender o colega, que segundo eles, fez o que estava em seu alcance para evitar que sua paciente fosse a óbito. “Foi uma fatalidade. Poderia ter sido com qualquer um, com o maior especialista do mundo e no melhor hospital”, foi o que mais ouvi.

O fato é que a jovem, que deixa uma filha de 1 ano de idade, teve uma trombose generalizada durante a cirurgia de diástase e lipoaspiração. Os primeiros socorros foram realizados no Gastroprocto, no Tirol, que não possui UTI. Depois, ela precisou ser removida em uma UTI móvel da Unimed até o Hospital São Lucas a poucos minutos dali para o serviço de hemodinâmica, também indisponível na unidade de saúde escolhida pelo cirurgião plástico para realização do procedimento estético.

No São Lucas, médicos especialistas renomados em cardiologia, hematologia, que atendem em outros hospitais, mas que foram convocados pela equipe, já aguardavam a paciente. Muitas intervenções chegaram a ser feitas para conter o problema. Em um dado momento, foi levantada a possibilidade até da realização de uma ECMO (Terapia de Oxigenação por Membrana Extracorpórea), mas Natalia não resistiu e acabou indo a óbito devido a uma parada cardiorrespiratória.

Mesmo que uma fatalidade, como dizem os especialistas que estavam durante as intervenções, uma pergunta não saiu da minha cabeça: por que a transferência da paciente para outra unidade? Por que uma cirurgia com tantos riscos pode ser realizada em um hospital que não possui UTI ou serviços mais específicos, como o caso da hemodinâmica?

Segundo a legislação vigente, cirurgias plásticas podem ser realizadas no Brasil em clínicas e hospitais sem a Unidade de Tratamento Intensivo, mas não é o recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Mesmo assim, Respaldados pela lei, a GastroProcto é uma das unidades mais procuradas pelos especialistas em cirurgia plástica de Natal. Lá, são realizadas dezenas de cirurgias plásticas todos os meses. Apesar de um bom aparelhamento, segundo dados da última fiscalização do Cremern, em casos como o de Natália, o paciente precisaria ser removido para outro hospital que possua UTI e serviços que só grandes hospitais tem.

Em contato com pessoas que trabalham na Gastroprocto, o blog também descobriu que a unidade não possui uma ambulância para a necessidade urgente de remoção de pacientes que tenham o quadro de saúde agravado e que precisem de UTI.

Em nota, o diretor e proprietário do Gastroprocto, Gutembergh Nóbrega, lamentou a morte de Natália e confirmou que ela precisou ser removida para outro hospital através de uma UTI móvel.

“Objetivando ampliar o seu bem-estar, a equipe que conduzia o procedimento decidiu remover através de UTI móvel para outro hospital”, explicou.

Ele disse também que o Gastroprocto “dispõe de todos os aparatos tecnológicos a serem empregados, tendo sido inclusive, submetido a inspeção rotineira do Cremern”.

Porém, não comentou sobre a ausência de UTI na unidade, que realiza mensalmente cirurgias complexas. Também não respondeu o nosso questionamento se o hospital possui ambulância para transportar os pacientes que precisem ser removidos com emergência.

Procurado pelo Blog, o Conselho Regional de Medicina, disse saber que a unidade não possui UTI, mas não sabia informar sobre a ausência de ambulância.

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